sexta-feira, 27 de junho de 2008

A Itália e o inverno

O ano de 2007 foi de preparação e planejamento. No trabalho, em casa, com a família e amigos, em todos os momentos minha vida estava voltada à viagem. O próximo ano chegou e foi ao final de janeiro que embarcamos. Primeiro pouso: Itália. No país de meus antepassados começou uma nova fase, o período de reconhecimento da cidadania italiana. Cheguei ao início de fevereiro e no dia seguinte o processo já estava em andamento, só restava aguardar. Alguns contratempos fizeram parte do itinerário, mas todos os problemas sempre foram solucionados.
Dois meses depois, alguns novos amigos, experiências compartilhadas e várias impressões desse país novo para mim, eu havia me tornado italiana (sem nunca deixar de ser brasileira, é claro!). Quando se está na Europa como brasileiro se tem três meses para turismo, com exceção da Inglaterra que são seis meses. Quando se está na Europa como cidadão europeu se tem passe livre em qualquer país da União Européia. Você pode não só passear, mas trabalhar e estudar.
Dois meses, esse foi o tempo que permaneci da Itália. Tempo suficiente para observar como os italianos são reservados. O curioso é a maneira como conversam, em voz alta, como se estivessem discutindo. Ainda assim são reservados. Diferentemente dos brasileiros, não gostam de muito barulho. Suas festas, no geral, são sossegadas. Normalmente os bares e danceterias ficam abertos só até as duas da manhã, pelo menos no interior. Gostam muito de danças latinas, como salsa e mambo, e apreciam bebidas fortes. O Vinho está em primeiro lugar e a cerveja é quente, por causa do clima. No comércio o intervalo de almoço é das 12h às 15h, pois depois da refeição é hora do repouso, que é “sagrada”.
No inverno faz muito frio, e talvez por isso eles consumam demasiadamente cigarro. É comum vê-los fumando desde muito jovens. Não digo todos, mas depois que te conhecem melhor ficam mais receptivos. Se você conseguir se comunicar em italiano facilita muito. Uma coisa que percebemos e não é tão boa, mas que é comum, é a impressão que eles têm dos brasileiros: de que tudo é festa no Brasil. Cabe a nós mudarmos essa impressão.
A arquitetura é belíssima, por fora se conserva o aspecto histórico e por dentro é moderno. Ao mesmo tempo em que é um país de primeiro mundo se preserva tradições antigas, como andar de bicicleta. A bicicleta é fiel companheira de todas as horas, tanto de trabalho como de lazer. As senhoras, mais velhas, são muito vaidosas, já as mais jovens não são. A moda é diferente da que se vê no Brasil, onde se usa tudo combinando: roupas, calçados e assessórios. O que pude observar é que os homens são mais vaidosos do que as mulheres, gostam de se arrumar. As famílias apreciam passear, principalmente aos fins de semana, com seus animais de estimação. Em quase todos os locais é permitido entrar com cães, como no comércio, por exemplo. Se você trabalha, e recebe seu salário na moeda local, fica acessível consumir produtos, se torna barato. Outra facilidade é o transporte, principalmente de trem (são horários e destinos diversos). No que diz respeito aos estrangeiros encontramos vários por aqui. Não só brasileiros, mas de várias partes do mundo, principalmente nas escolas de italiano. Pelo o que se sabe, muitos têm permissão de trabalho e moram aqui há anos. Emprego existe, mas sem dúvida é quase impossível conseguir uma vaga sem falar o idioma e sem ter documentos europeus. Nada que o tempo não resolva.
A Itália é um país belíssimo, rico em história e cultura, mas não de muita badalação. Acredito que na hora de escolher um país se deve levar em conta os gostos e as necessidades. De qualquer forma, uma experiência italiana fica para toda a vida.

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